24.7.07

É grave, é greve... É a educação na Bahia

6ª edição, 16 de maio de 2007

Hoje é o dia da Assembléia Geral da Adusb. Principal ponto de pauta: decidir se haverá greve ou não. Rumores indicam que a greve é inevitável e que será deflagrada (será mesmo?).

Para quem não vem acompanhando de perto este processo, vale ressaltar que a Assembléia não se trata de um ato precipitado. Na verdade, a pauta de reivindicações que está sendo discutida é antiga... Não é de hoje, aliás, nem desse Governo, que se tenta negociar questões como a incorporação de 27,2% da GEAA (Gratificação por Estímulo a Atividades Acadêmicas), a reposição de perdas salariais e a revogação da Lei 7.176 (que emperra o desenvolvimento da Universidade pública do estado), dentre outros.

Todos esses fatos que estão ocorrendo aqui na nossa Universidade remetem a uma questão muito maior: a importância da mobilização de classes. A História já deixou muito claro que as classes oprimidas precisam se unir em defesa dos seus interesses, pois “as maiorias” que estão no poder, só entram em um tipo de luta: a luta por mais poder.

Triste é constatar que a greve é iminente no setor educacional e o governo é do partido dos TRABALHADORES. Que inclusive passou a campanha afirmando que a educação é prioridade... O mundo dá voltas, amigos... E a roda do poder não pára de girar.

No Movimento Estudantil, a mobilização também é comprovadamente a melhor forma de se conquistar os direitos da classe discente. No curso de Comunicação, a luta e a união dos estudantes foram responsáveis pelas melhorias que tivemos e das quais podemos usufruir hoje. Apitaços, “enterro” de reitor, passeatas... Foi daí que saíram as maiores conquistas. As vias burocráticas são falidas, e quando esgotadas, é preciso expor aos quatro ventos as necessidades emperradas por uma burocracia que só atrapalha.

A semana passada foi um pequeno exemplo da força que tem as mobilizações da classe estudantil. O Boca do Inferno surgiu desse ato de manifestação, por isso este é o seu caráter. Em meio a tantas coisas, acordar pra luta é a maior de todas as conquistas, independente de se cumprir ou não uma pauta de reivindicações. Daí já se garante que o grupo dos “acordados” será grande o suficiente para cobrar o não cumprimento das reivindicações. Estamos em um ciclo vicioso, onde, infelizmente, haverá sempre o que se reivindicar, pois os “consertos” no sistema nunca serão feitos por completo.

Movimentações, atos públicos e reivindicações dão novo vigor às classes, as enriquece. O espírito de coletividade, que se perde em meio à competitividade e a hipocrisia da nossa “ultra-moderna” sociedade capitalista, é percebido e retomado nessas horas de luta conjunta. O cantar do galo, tantas vezes ouvido e por mais tantas ignorado, insiste em incomodar. Insiste em lhes abrir os olhos. A resposta que se deve dar é descruzar os braços e envolver-se com o todo. Que a greve não seja sinônimo de reclamação por causa de aulas perdidas ou calendários atrasados - mesmo que isso preocupe, não é o mais relevante - mas sim um momento para refletirmos sobre o papel do Estado e a situação do ensino público no Estado.

Refletir sobre si mesmo, sobre o colega ao lado. Perguntas básicas: O que queremos? Pra que viemos? Qual a minha função? Que formação quero levar daqui? Em que poderei contribuir para uma sociedade melhor? Novo governo e velhas perguntas que continuam sem respostas (ainda!) Pra onde vai a educação na Bahia?

Basta de reflexões e desabafos! Com greve ou sem greve, é preciso que alguém responda: pra onde vai esse barco?

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