26.7.07

Professores decidem pela manutenção da greve

Encerrada por volta das 19h15min, a assembléia geral extraordinária da Adusb decidiu pela manutenção da greve, com 59 votos a favor. Foram 11 votos contrários e 2 abstenções.

Na discussão, muitos argumentos foram apresentados, entre eles a afirmação de que o movimento não é uma causa salarial, e não será com o corte do salário que a greve irá terminar. A mesa apresentou a informação que o movimento tem conseguido incomodar as estruturas do poder, pois causou instabilidade na equipe da Secretaria de Educação do Estado e está preocupando os deputados que começam a perder votos nos seus currais eleitorais.

Uma próxima assembléia deve ser realizada logo após a reunião com o governo, prevista para o dia 6 de agosto, quando a Secretaria de Educação apresentará uma contra-proposta às reivindicações, segundo suas promessas.

Pato aqui... pato acolá!

8ª edição - LUTO pelas vítimas do apagão da educação na Bahia

Impressionante como algumas coisas acontecem, e outras não. A greve dos professores continua (firme e forte?). Os poucos professores seguram a barra com o apoio dos alunos (tão pouco quanto) e continuam à margem das preocupações do governo. Mas as nossas preocupações vão além.

A Assessoria de Comunicação da Uesb ainda se omite, nem parece que há greve, pois continua a divulgação dos projetos e das realizações da universidade como se tudo estivesse conforme o normal (professores e alunos pela universidade, condições para as aulas e para o ensino...). Quem esteve na Uesb por esses dias sabe que é possível ouvir o zumbido das moscas e que os cantos dos pássaros nunca foram tão ensurdecedores. Em 2005, quando a o governo do estado era outro, com pouco mais de dois meses de greve, a Ascom divulgou sete matérias (encontradas no próprio site da Uesb em 25/07/07) que anunciaram desde as negociações até o fim da greve.

Hoje, até a TV “pública” colabora. Durante o intervalo do Jornal, a TVE Uesb mostra o quanto a Uesb faz bem à cidade e o quanto ela está a serviço do conquistense. Doce ilusão, quem conhece sabe. Dia desses o reitor, no seu jornal, ops... no jornal da TVE Uesb, anunciou que a clínica de Odontologia será construída. Uma empresa seria selecionada para poder iniciar as obras. Não se espante! Os verbos ainda são no futuro...

A situação do curso de Odontologia é lamentável; corrigindo, é a mais lamentável. Nem cadeiras tinham para sentar. Em março desse ano, os alunos tiveram que vir à Conquista para chamar a atenção do excelentíssimo senhor reitor que, na época, também conjugou todos os verbos no futuro. Mas é isso aí, estamos progredindo!

Ah... Preciso falar de alguma coisa boa: Festival de Inverno Bahia. O maior festival de música do interior da Bahia, realizado pela Rede Malvadeza de Comunicação, está chegando e conta com o apoio de quem? Da Uesb, claro! Quanto foi desembolsado dessa vez? E pra quê? O stand na área do evento será fácil de achar, difícil é encontrar a justificativa para tal.

Desculpe por chateá-lo, mas ainda não deu pra terminar.

Estão fazendo o impossível para inaugurar o prédio da residência universitária, mas até agora, não houve nenhum planejamento com os estudantes, que continuam a desconhecer a política adotada, inclusive, para se construir algo tão ridículo como aquilo. O espaço é minúsculo e o acesso inapropriado. Ao que parece, desconhecem as necessidades estudantis e, pior ainda, não buscam conhecê-las.

Para os que não sabem a greve dos professores também é por melhorias das condições do ensino, não são somente gratificações e reajustes que estão em jogo. A pauta é extensa e difícil de ser cumprida, mas não é impossível. Quem sabe, quando a educação for uma prioridade para o presente e não para o futuro, tudo pode se tornar um paraíso como já querem nos fazer acreditar – ou você nunca viu a propaganda (?) da Uesb no intervalo do jornal da TVE?

Mas, por favor, não se iluda. É só você se lembrar da notícia recente, divulgada pela Ascom no site: a Uesb ganhou um novo curso! O curso de Farmácia será implantado (em breve - claro, mas já fazem a propaganda pra garantir), mesmo com os outros se arrastando para sobreviver. Outro motivo pra não se iludir: a reivindicação recente dos alunos de Engenharia Florestal, eles também clamam por socorro.

É tanta coisa que acontece e tantas outras que jamais aconteceram, que nos perguntamos se a greve sustentada até aqui não deveria ser uma greve estudantil? Agora, o que me incomoda é também assustador: eu, confesso, tenho medo que a situação piore. Pois, se as reivindicações forem atendidas, ao menos em parte, os professores voltam às aulas, mas e as condições dos alunos? Não serão as mesmas, serão piores: reposição de aulas, reformulação de calendário e correria para finalizar o semestre letivo e iniciar o outro, somados com todos os outros nossos problemas, que não foram listados sequer a metade. Mas tudo vai rumo ao futuro incerto da nossa educação, sendo empurrado. E quem paga o pato?

24.7.07

Informe-se

Um outro Nordeste é possível

O Fórum Social do Nordeste realiza a sua segunda edição de 02 a 05 de agosto desse ano em Salvador – BA. Inserido na mesma proposta do Fórum Social Mundial, visa promover o intercâmbio entre forças políticas que sonham e lutam pela reinvenção da emancipação social, pelo respeito às diferenças e valorização das identidades, pelo cultivo do pluralismo e superação das desigualdades, pela consolidação da democracia participativa e da inclusão social, pela soberania nacional e emancipação dos povos.

Interessados em participar procurar Indiana do Cacs.

Mais informações em www.forumsocialnordestino.org.br.

Encontro da Regional NE1

O Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação desse ano será realizado em Sergipe, na Universidade Federal, em São Cristóvão entre os dias 15 e 19 de agosto. Para conferir programação, projeto político e preço das inscrições, acesse http://www.erecom-sergipe.blogspot.com/.

Interessados, entrar em contato com o Cacs.

Intercom 2007

O XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação acontece de 29 de agosto a 02 de setembro na cidade de Santos-SP. O tema desse ano é Mercado e Comunicação na Sociedade Digital. Inscrições até o dia 8 de agosto. Programação e outros detalhes, no site www.intercom.org.br. Quer ir? Entre em contato com o Cacs.

Para o último adeus

O “painho” da Bahia vai deixar saudades, pra quem? Talvez a resposta esteja nos livros que indicamos para leitura e, claro, para o último adeus.

- Memória das trevas, uma devassa na vida de Antônio Carlos Magalhães, livro de João Carlos Teixeira Gomes.

- As veias abertas do carlismo, livro de Manoel Muniz.

- Dom Carlos Corleone, de Francisco Alexandria.

Boa leitura, divirtam ou lamentam-se.

Nas bancas


Guantánamo

A simples menção do nome provoca um mal-estar próximo da sensação de impotência. As raras imagens que o mundo conseguiu ver desse campo de concentração (estabelecido em janeiro de 2002 na base naval que os EUA mantêm em Cuba, por um tratado de mais de cem anos ) destinado a suspeitos de terrorismo são impagáveis: homens em uniforme laranja, vendados, com mãos e pés algemados e acorrentados, de joelhos ou sendo tangidos por um ou mais guardas. Se as cenas de humilhação em Abu Ghraib se restringiram a um grupo de sádicos, as de Guantánamo projetam-se como uma realidade que desonra não só os Estados Unidos, mas todos os países que se jactam de pertencer a um Primeiro Mundo. Leiam os relatos de três ex-prisioneiros de Guantánamo concedidos ao repórter brasileiro Silvio Carvalho, que publicamos com exclusividade.

Será o aquecimento global uma tragédia anunciada ou o homem encontrará, em tempo, formas de evitá-la?

O arquiteto Ricardo Caruana, professor da Escola da Cidade, aponta uma saída pouquíssimo divulgada, mas que já conta com adeptos em várias partes do mundo – a fixação do carbono na madeira para aplicação na construção civil. Uma surpreendente proposta, mesmo para estudiosos do meio ambiente.

E mais:

Dois trabalhos exemplares: o de um delegado de polícia no Rio de Janeiro que decidiu humanizar o ambiente da cadeia que comanda, e o de uma mulher em São Paulo que resultou numa favela-modelo.


Para assinar:

É fácil, rápido e simples

Ligue (11) 3038-1468

Ou acesse www.carosamigos.com.br

E agora, José?

7ª edição, 5 de junho de 2007

O povo sumiu, o governo fugiu, e agora, você?

Vivemos um momento muito interessante: a “esquerda” já está no poder, os coronéis agora são democratas e até Abel apóia a greve dos professores. É o paraíso!

Como tudo na vida tem seu lado cômico, a greve da UESB não seria uma exceção. A comédia grevista já começa pela Assembléia Geral que tinha como principal ponto de pauta a deflagração da greve, que há pouco tempo de sua realização não tinha lugar certo pra acontecer (e não estamos falando em que auditório ia ser não, era em que cidade mesmo... dá pra acreditar?!).

Estratégias políticas à parte, a assembléia aconteceu, a greve dos docentes da UESB foi deflagrada, mas contava-se nos dedos – e não precisavam de muitos – a quantidade de professores dos campi de Jequié e Itapetinga que estavam presentes. E para poupar o leitor de tanta apatia não vamos mencionar a presença, ou melhor, a ausência dos docentes nas manifestações e acontecimentos da greve.

Será que as novas tecnologias (entenda: MSN, SKIPE...) tornaram dispensáveis a presença física das pessoas nos espaços de debate? Pra completar, até agora não se sabe ao certo se o campus de Jequié está em greve mesmo, ou se é uma paralisação. Parece que, contraditoriamente, os tempos petistas carregaram a palavra GREVE de certo temor...

É grave! É greve? Será mesmo que é hora de ver os amigos, tomar uma gelada na esquina, fazer as malas e botar o pé na estrada? Uma coisa é certa, o sonho da greve unificada acabou.Você duvida?! Pergunta pra UESC!

É grave, é greve... É a educação na Bahia

6ª edição, 16 de maio de 2007

Hoje é o dia da Assembléia Geral da Adusb. Principal ponto de pauta: decidir se haverá greve ou não. Rumores indicam que a greve é inevitável e que será deflagrada (será mesmo?).

Para quem não vem acompanhando de perto este processo, vale ressaltar que a Assembléia não se trata de um ato precipitado. Na verdade, a pauta de reivindicações que está sendo discutida é antiga... Não é de hoje, aliás, nem desse Governo, que se tenta negociar questões como a incorporação de 27,2% da GEAA (Gratificação por Estímulo a Atividades Acadêmicas), a reposição de perdas salariais e a revogação da Lei 7.176 (que emperra o desenvolvimento da Universidade pública do estado), dentre outros.

Todos esses fatos que estão ocorrendo aqui na nossa Universidade remetem a uma questão muito maior: a importância da mobilização de classes. A História já deixou muito claro que as classes oprimidas precisam se unir em defesa dos seus interesses, pois “as maiorias” que estão no poder, só entram em um tipo de luta: a luta por mais poder.

Triste é constatar que a greve é iminente no setor educacional e o governo é do partido dos TRABALHADORES. Que inclusive passou a campanha afirmando que a educação é prioridade... O mundo dá voltas, amigos... E a roda do poder não pára de girar.

No Movimento Estudantil, a mobilização também é comprovadamente a melhor forma de se conquistar os direitos da classe discente. No curso de Comunicação, a luta e a união dos estudantes foram responsáveis pelas melhorias que tivemos e das quais podemos usufruir hoje. Apitaços, “enterro” de reitor, passeatas... Foi daí que saíram as maiores conquistas. As vias burocráticas são falidas, e quando esgotadas, é preciso expor aos quatro ventos as necessidades emperradas por uma burocracia que só atrapalha.

A semana passada foi um pequeno exemplo da força que tem as mobilizações da classe estudantil. O Boca do Inferno surgiu desse ato de manifestação, por isso este é o seu caráter. Em meio a tantas coisas, acordar pra luta é a maior de todas as conquistas, independente de se cumprir ou não uma pauta de reivindicações. Daí já se garante que o grupo dos “acordados” será grande o suficiente para cobrar o não cumprimento das reivindicações. Estamos em um ciclo vicioso, onde, infelizmente, haverá sempre o que se reivindicar, pois os “consertos” no sistema nunca serão feitos por completo.

Movimentações, atos públicos e reivindicações dão novo vigor às classes, as enriquece. O espírito de coletividade, que se perde em meio à competitividade e a hipocrisia da nossa “ultra-moderna” sociedade capitalista, é percebido e retomado nessas horas de luta conjunta. O cantar do galo, tantas vezes ouvido e por mais tantas ignorado, insiste em incomodar. Insiste em lhes abrir os olhos. A resposta que se deve dar é descruzar os braços e envolver-se com o todo. Que a greve não seja sinônimo de reclamação por causa de aulas perdidas ou calendários atrasados - mesmo que isso preocupe, não é o mais relevante - mas sim um momento para refletirmos sobre o papel do Estado e a situação do ensino público no Estado.

Refletir sobre si mesmo, sobre o colega ao lado. Perguntas básicas: O que queremos? Pra que viemos? Qual a minha função? Que formação quero levar daqui? Em que poderei contribuir para uma sociedade melhor? Novo governo e velhas perguntas que continuam sem respostas (ainda!) Pra onde vai a educação na Bahia?

Basta de reflexões e desabafos! Com greve ou sem greve, é preciso que alguém responda: pra onde vai esse barco?

Todos no mesmo barco, então rema, porra!

5ª edição, 11 de maio de 2007

Sexta-feira, 11/05/2007: o Boca do Inferno chega à sua quinta edição após ter gerado muita polêmica acerca do conteúdo publicado durante essa semana. Fomos acusados de atos precipitados, de irresponsabilidade, de generalização e de lavar a roupa suja fora de casa. Apontaram-nos como jornalismo marrom e anti-ético. O BI é um manifesto político, fruto da indignação, e não um mero informativo reprodutor de técnicas. O objetivo é mesmo provocar e gerar um debate sobre as condições precárias do nosso curso. O Centro Acadêmico de Comunicação Social Gregório de Mattos não poderia se omitir e compactuar com esse descaso, definitivamente não somos devotos do mito da imparcialidade.

Diariamente nossos professores nos “presenteiam” com a passividade. Na reunião desta quinta, 10/05, Salão do Júri, compareceram apenas quatro professores, a MINORIA, Ana Claudia (que não pôde permanecer por motivos pessoais), Anaelson Leandro, Carmen Carvalho e Marcus Lima. Os demais justificaram antecipadamente a ausência. O que surpreendeu foi o argumento do “pai do curso”, professor José Duarte, que afirmou não adentrar em território inimigo, transformando o curso em um campo de batalha entre alunos e professores.

Passiva é, também, a MAIORIA dos nossos colegas, que não se fizeram presentes mais uma vez nas discussões. Basta de reclamações só pelos corredores, é preciso ocupar os espaços de debate!

Foi com o objetivo de gerar o debate sobre os nossos problemas que CONVOCAMOS (Convocar é chamar, convidar, reunir ou constituir) os nossos professores. O termo, um simples detalhe, não agradou aos ilustres convidados que alegaram não ter a obrigação de estar lá e de terem ido por livre e espontânea vontade. Não ter obrigação de estar lá? Se professores e alunos não se sentirem na obrigação de buscar soluções para essa pasmaceira, quem se sentirá?

O papel do Colegiado é, depois desta reunião, uma grande incógnita. Após a exposição de inúmeros problemas, percebemos que nenhum parece ser de responsabilidade desta instância. Então, é o Departamento o salvador do curso e solucionador dos nossos problemas? Até parece...

O respeito à opinião alheia foi praticamente inexistente (pasmem!), por parte dos professores. Por não saberem lidar com críticas, dois deles se retiraram da reunião. O primeiro foi o professor Marcus que saiu durante a fala do estudante Álvaro Abreu, na qual defendeu que todos os docentes de Comunicação são cúmplices desta situação. A professora Carmen se retirou durante a discussão sobre a Reforma Curricular por não aceitar a opinião do estudante Lucinei Santana que afirmou não admitir a ausência dos estudantes na “construção” da Reforma. A discussão foi inviabilizada por restar apenas o coordenador do curso Anaelson Leandro. Mas, oportunidades virão.

Reunião lamentável, situação lamentável. Por hora, seguimos adiante com um misto de sensações antagônicas: tristes e felizes, felizes por não fecharmos os olhos, tristes por tentarem tapar o sol com a peneira. O Boca do Inferno prossegue com suas “traquinagens”, afinal, estamos todos no mesmo barco. Então, rema porra!

Professores de comunicação descomprometidos com o curso

4ª edição, 10 de maio de 2007

São seis horas da manhã, acordei com o som estridente do despertador. Levanto, tomo um banho, olho meu horário da faculdade. Hum... Se eu lembrasse antes qual seria a primeira aula, teria desligado esse despertador e dormido um pouco mais, afinal, posso apostar que o professor não vai aparecer, como de costume, ou então vai chegar com 40 minutos de atraso. Em pensar que fiquei até duas da manhã terminando um trabalho... Pena que nem sei se será corrigido como já aconteceu diversas vezes! Ah! Isso me irrita profundamente, acho uma total falta de respeito com o aluno. Preciso ver o resultado dos trabalhos que fiz pra saber se está bom, se preciso melhorar e em que, nem que seja pra saber que é necessário fazer tudo novamente. Com certeza isso contribuiria muito mais para meu aprendizado.

Quanto às correções de trabalhos, acontecem fatos engraçados, pra não dizer trágicos! Numa dessas matérias em que se envia o trabalho por e-mail no fim do semestre, fiz tudo, enviei às pressas o e-mail, mas só lembrei dias depois que havia esquecido de colocar o trabalho em anexo. Quando fui procurar o professor, vi que as notas da disciplina já haviam sido divulgadas, grande foi minha surpresa quando vi que minha nota era dez! A propósito, não só a minha, mas a de toda a turma. Pérolas do curso de comunicação!

Você deve estar aí pensando, “nunca vi aluno reclamar por tirar dez”. Pois é, realmente acontecem coisas meio difíceis de compreender no curso de comunicação. Tem até professor que entra na sala de aula e diz que não sabe nada sobre a matéria que se propôs a dar. Depois disso, nada mais me surpreende. Sinceramente, me preocupo com o tipo de jornalista que será formado pela Uesb. Sei que no fim do curso, contaremos nos dedos as matérias que realmente valeram a pena.

Bem, mais chega de lembrar das mazelas do curso. Deixe-me ver, no horário seguinte a aula é de... Ah! Tenho certeza que ele passará outro seminário daqueles. Vai escolher um livro na biblioteca, dividir em capítulos e sortear entre os grupos por ordem de apresentação. E assim vai enrolando o semestre inteiro! E todo mundo feliz, apresenta seu capítulo, o professor dá uma boa nota pra todos e não corre o risco de ter aluno “na final” pra atrapalhar suas férias. Minha decepção é que os professores que me fazem sentir um pouquinho de prazer pelo curso, se omitem nesses momentos, fecham os olhos e aceitam tudo isso como se desconhecessem a realidade.

Bem, mas no próximo horário... Ah... Esse realmente dá aula, só tem um problema, acho que ele esquece da importância de se fazer um planejamento antes de entrar em sala. Mesmo diante desse caos, aos trancos e barrancos lá vou eu, na mesma rotina: sair e pegar aquele ônibus lotado pra assistir, somente, algumas aulas. Pensando bem, a partir de agora, vou fazer mais que isso, vou aproveitar meus “tempos vagos” pra cobrar pelas devidas providências que até hoje não foram tomadas...

Não tenho vergonha na cara, faço comunicação na UESB

3ª edição, 9 de maio de 2007

Muitas reclamações foram feitas acerca das questões colocadas na edição anterior desse informativo, como a falta de compromisso e responsabilidade por parte dos professores de comunicação. Teve quem disse que estávamos lavando a roupa suja fora de casa, tornando público nossos problemas e sendo precipitados. Se isso não é uma tentativa de censura é no mínimo uma grande contradição. Cadê a tão pregada liberdade de expressão ensinada em sala de aula? E o papel do Jornalismo não é tornar público os fatos? E nós não estamos numa instituição pública? Reconhecemos que há esforço por parte de alguns, mas sem dúvida a carapuça serviu mesmo para a maioria e respostas não foram dadas.

A reunião de ontem com o reitor conseguiu o que as reuniões de colegiado e área não conseguem nunca. Aglomerar os professores para discutir os problemas do nosso curso. Alguns desses problemas eram muito simples. Bastava um pouquinho de insistência e boa vontade, né? A compra da impressora para o Laboratório de Impresso foi solicitada e outros encaminhamentos já estão sendo dados para atender as reivindicações emergenciais dos ALUNOS, melhorando assim, o funcionamento dos outros laboratórios. Nós que já estamos calejados, só acreditaremos quando as soluções se apresentarem de forma concreta. Por enquanto, só palavras...

Estamos incomodados, e não é de hoje, com a lamentável situação do nosso curso. Despertamos novamente após um longo período de acomodação, acomodação essa que não condiz com a postura de um universitário, que dirá com a de um futuro jornalista. Apesar da importância do movimento, ainda é mais fácil encontrar colegas dispostos a aceitar do que a lutar. Perdemos o caráter militante e ficamos à mercê da atuação dos maiores “responsáveis” pelo funcionamento do curso, os quais nos submeteram à pífia participação de somente aceitar as atuais condições. Aulas não foram dadas, professores desapareceram, laboratórios com diversos problemas e nós andávamos mais do que passivos.

Agora que conseguimos nos fazer ouvir, estamos sendo surpreendidos pela forma como as coisas podem ser solucionadas. Bastava tentar resolver, seguir todos os trâmites legais possíveis e não cruzar os braços diante de um primeiro não. Isso poderia ter evitado que certas questões chegassem à reitoria. Eis a discrição do curso de Comunicação Social no site da UESB: “(Habilitação em Jornalismo) - Bacharelado - Matutino - 40 vagas - Vitória da Conquista - Autorizado pela Res. CEE-083/97 DOU 24/12/97. Formar jornalista para o trabalho com a produção de bens simbólicos (notícias, reportagens etc.) e que, através do domínio de linguagens e técnicas específicas, elabore interpretações da realidade, atuando tanto nos meios de comunicação de massa convencionais (rádio, jornal e TV) quanto nos mercados emergentes no campo da comunicação institucional (assessoria de imprensa), com perfil intelectual, ético e técnico adequado às exigências qualificativas que a modernidade impõe à atividade jornalística.” Pouco disso corresponde a nossa formação atual. Mas mesmo assim estamos aqui. É duro reconhecer: NÃO TEMOS VERGONHA NA CARA, FAZEMOS COMUNICAÇÃO NA UESB!

O que está por trás da atual situação dos laboratórios de comunicação?

2ª edição, 8 de maio de 2007

Estudantes do curso de Comunicação estiveram ontem em peregrinação pela Uesb com uma lista enorme de reivindicações. Após ocupar a reitoria ao som de um jingle bastante explicativo, “impresso sem impressora, sala sem professora, sou eu assim a mercê, laboratório sem ilha, gravador sem pilha, sou eu assim a mercê, não dá mais pra viver assim...”, os estudantes exigiram do chefe de gabinete, Paulo Roberto, uma reunião imediata com o reitor, Abel Rebouças, que se encontrava na universidade. A conversa se estendeu por mais de uma hora, e como já era esperado, o clima foi de passividade.

Os estudantes, indignados, relataram os principais problemas do curso, tais como as atuais condições dos laboratórios, o reitor parecia desconhecê-los. Onde estava a comunicação?

Ilha de edição sem funcionar por causa de uma peça!Laboratório de Impresso sem IMPRESSORA (e sem papel...)! Reforma do laboratório de rádio parada! Computadores do Laboratório de rádio sem condições de uso! UMA câmera filmadora no Laboratório de Telejornalismo (como é que pode?!). Poucos gravadores, sem pilha e sem fita, a disposição dos alunos (e nem são nossos!). Laboratório de Rádio não tem técnico específico! Uma câmera digital (sem instrutores para nos auxiliar). Técnicos sem reajuste salarial há SETE anos. Laboratório de Rádio sem telefone. Faltam fitas pra a realização de filmagens. Como vamos prosseguir com as nossas atividades? Que tipo de jornalistas seremos? E olha que a teoria nem foi citada aqui!

O diretor do DFCH, Sidiney Alves, foi procurado pelas bocas do inferno, e olha o que ele disse: “se as reivindicações passassem pelo Departamento, seriam encaminhadas”. Ele ainda acrescenta que quando UMA reclamação foi feita em reunião do departamento pelos professores da área de comunicação, tentou-se marcar uma audiência com a gerência administrativa, mas até hoje... Será que esses problemas são tão insignificantes para tamanho descaso?

Os alunos do curso acreditam que não. “O semestre está acabando e a realização de nossas atividades finais é inviável”, afirma a aluna frustrada da disciplina de Telejornalismo II, Thianna Maria, do VI semestre. Quem faz Radiojornalismo tem reivindicações parecidas, segundo Gisele Rocha a utilização do laboratório está submetida à disposição de um técnico emprestado pelo Surte. Para Cristiano Anunciação, do IV semestre, a disciplina de Impresso vem sendo prejudicada pela ausência de uma simples impressora, “a impressora é um dos equipamentos mais necessários, pois precisamos imprimir os textos prontos para correção”.

O colegiado do curso se encontra fechado no turno matutino por falta de funcionário (olha que piada)! Nem o coordenador ou o vice foram encontrados para nos conceder uma palavrinha sobre tamanha confusão. E parece que essa ausência de postura crítica e atuante por parte desse setor não é nenhuma novidade. Sem a atuação da maioria dos professores da área e com a falta de conhecimento do Departamento... Quem lutaria por nós se não nós mesmos?

Mas nem todos reconhecem a importância do apitaço, de cantar um jingle, de distribuir panfletos e levantar cartazes. A manifestação a todo vapor e teve gente que preferiu ir para casa, sentar e esticar as pernas. Para alguns, o rei está muito bem vestido! Dessa maneira, esses nossos “companheiros” vão colaborando com essa formação medíocre que estamos recebendo.

O rei continua nu!

1ª edição, 7 de maio de 2007

A história de um garoto que nunca se engana, mas que também não consegue convencer, nem falando a verdade

Há dois anos, um rapaz havia traçado um objetivo em seu caderno de sonhos e logo o realizou. Começou a fazer parte de um grupo que ele conhecia só por falar: os universitários. O novo integrante da universidade era cheio de ilusões, “pra mim era tudo perfeito: horas na sala de aula, freqüentando laboratórios, madrugadas planejando seminários, tardes na biblioteca pesquisando, discussões sobre temas polêmicos, estudo de campo, pesquisas e viagens...”, relata.

Segundo o jovem foi muito bom ser chamado de calouro, mas o ritmo da universidade não lhe agradava. “Primeira semana de aula passou, a segunda chegou ao fim, um mês e outras semanas vieram, o fim do semestre já aproximava e eu mal havia feito uma avaliação, nem conhecia os professores direito, nem eles a mim. Eu chegava às oito horas e saía dez, assinava a lista, pegava umas apostilas e respondia alguns exercícios, parecia o quarto ano do ensino médio”.

Um dos seus colegas diz que ele não sabe o sentido de universidade, “ele quer assistir aula, pensa que aqui é uma particular”. O professor do curso também não entende o inconformismo do aluno, “será que ele não está satisfeito?”, pergunta como se todos tivessem que responder ‘estou muito satisfeito com o curso’. Todos ridicularizaram o jovem calouro, que não acreditava ouvir os comentários dos colegas e professores.

De sonhador para um sonhador inconformado. A universidade havia provocado uma transformação, ele revela que chegou a se questionar se seria o errado, afinal era o único descontente, mas não encontrava explicação para a acomodação dos seus colegas e não entendia como o descaso fazia tão bem.

“Eu estava diante de duas alternativas”, conta, “acomodar como eles, se entregando para o descaso e o desrespeito, ou seguir firme em busca do meu objetivo, evidenciando a realidade aos que teimavam em não vê-la”, e foi o que ele fez. “Eu não queria que os meus anos dentro da universidade servissem apenas para conseguir um diploma de uma formação equivocada”, explica, “tive que me dispor a encarar os contrários para garantir o respeito de todos: sozinho, eu comecei uma guerra a favor da coletividade”, relembra com lágrimas nos olhos.

“Um dia ele entrou na sala, interrompeu a aula e aos gritos iniciou um discurso inflamado com a expressão 'o rei está nu'”, relata um dos seus grandes amigos, “percebi que era verdade e fui lutar com ele, porque o rei estava realmente nu”.

Depois daquele dia, o garoto iludido, passou a expressar revolta, descontentamento, indignação e mais decepção. Hoje nada mudou, inclusive ele, que continua o mesmo garoto decepcionado. Apesar de, com o seu amigo, serem os únicos descontentes, ele sustenta a base do seu discurso: “para se levantar é preciso abrir os olhos, descruzar os braços e estender as mãos ao alcance de outras, para juntas unir-se às demais em um só objetivo: levantar-se”. Hoje, infelizmente, o rei continua nu, e muitos continuam cegos.

Comunicação se movimenta


O que é o Mecom?

É o Movimento Estudantil de Comunicação que engloba entidades como os Centros Acadêmicos e a Enecos. Suas principais bandeiras são Democratização da comunicação e Qualidade de formação em comunicação.

O que é a Enecos?

É a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, uma entidade representativa dos estudantes de graduação na área. É a responsável por realizar os encontros e congressos que definem os rumos do Mecom, são eles: Cobrecos, Conecom, Enecom e Erecom. Entenda o que é cada um desses.

Cobrecos: é o Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social, a instância máxima de deliberação da Enecos e onde a nova coordenação da Enecos toma posse. Realizado anualmente, nele também se traça posicionamentos, diretrizes e ações para o Mecom.

Conecom: é o Conselho de Entidades de Base de Comunicação Social, ou melhor, é um conselho dos centros acadêmicos filiados à Enecos. É realizado três vezes ao ano.

Enecom: o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação se diferencia dos outros por ser uma abordagem lúdica na programação, com oficinas, grupos de trabalho, núcleos de vivência, mostras, etc.

Erecom: é o Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação, tem como maior objetivo planejar a atuação do Mecom a nível regional. Existem nove regionais, áreas de atuação onde a Enecos se divide.

Mais detalhes em: http://www.enecos.org.br/

O que é um Centro Acadêmico?


Conhecidos como CA’s, o Centros Acadêmicos são as entidade representativas dos estudantes universitários, cada curso tem o direito de ter o seu. Um CA é autônomo e sem ligação com qualquer outra entidade, tem participação garantida nas reuniões de colegiado e departamento do seu curso, com representação devidamente eleita em assembléia e com direito a voto. São membros dos Centros Acadêmicos todos os estudantes do curso, tendo direito de voto e de fala nas assembléias convocadas e realizadas pela coordenação do CA. O Centro Acadêmico é o espaço e a voz do estudante dentro da universidade, âmbito para reivindicar os seus direitos de estudante e para participar das discussões a cerca do curso, da universidade e do movimento estudantil. Cada CA tem o seu estatuto, que rege o funcionamento e define suas competências.

23.7.07

Mudança!


As vezes é preciso mudar, um bom motivo para mudarmos é a busca por uma nova tentaiva que nos permita continuar. Por isso o blog Venda Proibida, esquecido por uns e abandonado por outros, agora é o Boca do Inferno. Para quem não conhece o temido Boca, é um manifesto em forma de panfleto escrito pelos componentes da gestão Malungos do Centro Acadêmico de Comunicação Social Gregório de Mattos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Onde o que vale mesmo é a opinião, suportada pelos fatos, sejam eles expostos ou não. O Boca do Inferno se parece com os, também temidos, pasquins (que modestia...), aqueles pequenos jornais de nomes exóticos - quase sempre - que contribuíram para fomentar discussões de maneira humorística em épocas de grande censura, desenvolvendo espírito crítico e ativo.
O blog, porém não irá se limitar ao nosso conteúdo impresso, nesse espaço o Cacs irá disponibilizar informações relevantes sobre a nossa universidade, sobre o movimento estudantil (seja de comunicação ou não, da Uesb ou de fora dela), sobre política, cultura, mídia, enfim, nossa intenção é manter o espaço aberto para discutirmos aquilo que merece e deve ser analisado pelo nosso humilde espírito crítico. A descrição do nosso blog mantén a linha alternativa, afinal não vamos e nem podemos nos limitar aos assuntos da grande mídia, ou ignorar a real realidade (desculpe o exagero, mas era necessário) ao nosso redor.
Espero que esse espaço cumpra a sua função, inclusive a de balançar as vigas das velhas estruturas. E que a polêmica não seja somente conversa do corredor. O Boca está satisfeito em poder falar agora para o mundo! Aproveito para dedicar essa iniciativa ao nosso eterno malungo Diego Martins, quem sempre distribuía o Boca do Inferno até o último número em mãos, ficando até sem o seu exemplar. Pois era isso que ele queria, que todos podessem nos ouvir e que todos se despertassem para o incômodo real, onde persistimos estar.