30.9.06
Segunda Edição
EDITORIAL
Para muitos o voto é o exercício da cidadania. Mas, de que adianta eleger um político que depois não será fiscalizado, cobrado e acompanhado por seus eleitores? O papel do eleitor é apenas votar?
Eleições... Pra quê?
As eleições começaram e terminaram do mesmo jeito: sem conseguir despertar nos eleitores as discussões a respeito das propostas, das idéias e da importância do voto, principalmente. Os fatos que antecederam o processo eleitoral justificam o porquê da apatia: denúncias, CPI’s, brigas, desaforos, armações, mensaleiros e sanguessugas, ataques e palhaçadas. Teve deputado fazendo de tudo para se livrar, outros se fazendo de vítima. Teve ministro demitido, presidente fugindo e muitos políticos aproveitando do episódio para dizer: “em meu partido não tem nada disso”, “eu não estou envolvido”, “eu sempre disse que esse ou aquele não era gente para se confiar”. Tudo que vinha à tona era motivo para derrubar e exaltar, era motivo de conquistar mais uns votos e tirar o voto de outros.
Seria Cômico, se não fosse Drástico
Assistir o horário eleitoral se tornou para muitos brasileiros uma opção de lazer, seria melhor um bom filme de comédia, sem dúvida. Ando escutando pelas ruas as pessoas comentando as cômicas aparições dos candidatos como “o aposentado não está morto!”, Doutor X e demais “personalidades” com total descontração e divertimento. Esses dias alguém me disse: “Quando você estiver de mau humor, liga a TV no horário eleitoral, passa rapidinho”. Tentando compreender as razões que levam meus compatriotas a agir de tal maneira, achei melhor não responder a esse “conselho”. Mas a vontade imediata que tive naquele momento foi de dizer que não, meu mau humor em época de eleição não passa assistindo ao horário eleitoral, ele piora, e muito. É o sábio o ditado seria cômico - sem dúvida, basta olhar para Mamãe- se não fosse trágico, mas é trágico assistir pessoas descompromissadas invadindo às nossas casas e fazendo pouco de nossa inteligência com um discurso desgastado, ridículo e acima de tudo vazio.
Nestas eleições a veia cômica atingiu aos candidatos, antes, eles tentavam atingir o povo pelo drama, pelo escândalo, agora é pelo riso. O brasileiro acostumado com falsas promessas e denuncias de corrupção surgindo como areia no deserto vem perdendo a fé no poder transformador da política e passou a considerá-la apenas mais um meio de manipulação das massas em favor de questões individuais (mas não é isso que a grande maioria dos políticos pensa também?) e dessa maneira não há razões para levar política a sério, se não dá pra levar a sério então vamos nos “divertir” com ela.
Rapidinhas
Voto nulo
O voto nulo não anula mais eleição. A afirmativa é em parte verdadeira, já que o Congresso, preocupado com o crescimento dos adeptos por esta opção, resolveu suspender tal direito, sob a justificativa de estar sendo mal interpretado. Só que isso foi feito há cerca de um mês antes das eleições e segundo a própria legislação, as mudanças na lei eleitoral só são válidas se feitas com seis meses antes. A afirmativa vale, mas caso haja mais de 50% dos votos nulos, ela pode ser revogada, motivo pra isso existe, basta recorrer.
Segundo pesquisa IBOPE, Paulo Malluf será o deputado federal mais votado do Brasil. Isso, ele mesmo, Malluf, candidato pelo PP por São Paulo, e conhecido mundialmente por suas contas milionárias no exterior.
Você lembra quem foi o mais votado em 2002? Enéas Carneiro (PRONA-SP), e com pouco tempo foi caçado por envolvimento em escândalos de corrupção, e tenta reeleição.
As mudanças que iniciaram a dita Reforma Política adiantaram de alguma coisa? Proibir pintar muro e outdoor, camisas e bonés... Se o problema for com as declarações dos gastos em campanha, isso não resolve nada. Não faz outdoor, mas espalha placas pela cidade, não pinta muro, mas pregam cartazes. E quem compra voto não é com camisa e boné. O problema é que quem “reforma” é quem quer tudo deformado.
No site www.transparencia.org.br você encontra informações importantes sobre os políticos, desde suas principais realizações, como o envolvimento em algum escândalo e sua declaração de bens. É uma forma de acompanhar e conhecer a trajetória de quem você votou ou vai votar.