30.9.06

Seria Cômico, se não fosse Drástico

Por Natália Oliveira

Assistir o horário eleitoral se tornou para muitos brasileiros uma opção de lazer, seria melhor um bom filme de comédia, sem dúvida. Ando escutando pelas ruas as pessoas comentando as cômicas aparições dos candidatos como “o aposentado não está morto!”, Doutor X e demais “personalidades” com total descontração e divertimento. Esses dias alguém me disse: “Quando você estiver de mau humor, liga a TV no horário eleitoral, passa rapidinho”. Tentando compreender as razões que levam meus compatriotas a agir de tal maneira, achei melhor não responder a esse “conselho”. Mas a vontade imediata que tive naquele momento foi de dizer que não, meu mau humor em época de eleição não passa assistindo ao horário eleitoral, ele piora, e muito. É o sábio o ditado seria cômico - sem dúvida, basta olhar para Mamãe- se não fosse trágico, mas é trágico assistir pessoas descompromissadas invadindo às nossas casas e fazendo pouco de nossa inteligência com um discurso desgastado, ridículo e acima de tudo vazio.

Nestas eleições a veia cômica atingiu aos candidatos, antes, eles tentavam atingir o povo pelo drama, pelo escândalo, agora é pelo riso. O brasileiro acostumado com falsas promessas e denuncias de corrupção surgindo como areia no deserto vem perdendo a fé no poder transformador da política e passou a considerá-la apenas mais um meio de manipulação das massas em favor de questões individuais (mas não é isso que a grande maioria dos políticos pensa também?) e dessa maneira não há razões para levar política a sério, se não dá pra levar a sério então vamos nos “divertir” com ela.

Apesar de perfeitamente compreensível essa atitude é extremamente perigosa, pois determinados políticos são capazes de detectar este tipo de pensamentos e partir para o ridículo na tentativa de adquirir em meio ao público, que há muito anda frustrado com discursos “sérios”, certa credibilidade por estarem sendo sinceros. É como diz a campanha do candidato-forrozeiro, Edgar Mão-Branca “coragem para ser autêntico”, mas em que acrescentará essa “autenticidade”? Espero que o tempo não nos diga, pois se o fizer, é por que essas pessoas foram eleitas e sem sombra de dúvida a resposta do tempo não será nada agradável.

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